quinta-feira, 22 de abril de 2010

Naturalmente

Cai o ponteiro pequeno,
Me desperto sem vontade,
Olho para o espelho,
E com a mão direita
sinto a textura do meu rosto,
Dou um tremendo suspiro,
Faço o que há de ser feito,
Saio de casa faltando cinco,
Abro a garagem, tiro o carro,
Faço o que há de ser feito,
Guardo o carro, fecho a garagem,
Subo rapidamente, olho no espelho
Tento achar minha diferença,
O ponteiro pequeno se ajeita para a queda
Deito-me sem vontade,
Cai o ponteiro pequeno...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Nossa fina camada

E aí, de repente, surjo como uma imagem socialmente aceitável. Delego funções, mesmo inconscientemente para que reações biológicas dominem minhas ações e delas tirem da roupa, derme, um proveito. Julgo não só minhas atitudes, mas além, exerço minhas expectativas de forma bem clara e difusa. Apetrechos, no entanto aparecem como cicatrizes que já existiam há tempos e tornam partes de mim, completando-me, desenhando-me. Torno-me aos poucos, imagem refletida de um mundo, com pessoas que se julgam loucas, e todos sabem que de loucos vemos tantos que normais se tornam poucos. Temos (a derme) como roupa, que cobre diferentes formas, possui diferentes cheiros, e seguem diferentes filosofias. Algumas possuem pigmentação acentuada, outras carecem, porém todas se relacionam, trocam sentimentos e informações. Quantos gênios e monstros já aproveitaram de sua textura. É assim o parecer humano, de sua forma e exatidão, algozes de honestidade nefasta, envoltos pela complexa camada enraizada de nervos que defloram ao mínimo toque, chamam de sensibilidade e sem civilidade, eles partem logo pela manhã depois de se agasalharem.